O Movimento Água é Vida (MAV) é uma instituição sem fins lucrativos sediada em Feira de Santana que milita na área ambiental da cidade. O movimento nasceu no início da década de 2000 quando havia grandes possibilidades de a Embasa (Empresa Baiana de Águas e Saneamento) ser privatizada. Na época Carlos Souza, um dos cofundadores da instituição, que já pelejava em questões sociais ligadas à saúde pública no município, junto com toda a sua equipe, fizeram um grande movimento popular para conscientizar as autoridades de que a privatização da Embasa não seria benéfica à comunidade.

O sucesso do movimento foi tão grande que precisavam de 13 mil assinaturas para barrar o projeto, mas conseguiram exatamente 24.988 subscrições. Após este sucesso o então senador Antônio Carlos Magalhães anunciou que não havia mais autorização governamental para que a privatização fosse feita. A partir deste acontecido é que o Movimento Popular em Defesa da Saúde Pública se tornou Movimento Água é Vida.

A partir de então a instituição começou a trabalhar exclusivamente com educação ambiental com a finalidade de conscientizar as pessoas da necessidade de preservar a natureza. Mas foi em 2012 que o trabalho começou a tomar proporções maiores. O grupo teve acesso a um dado oficial da Embasa de que Feira de Santana descartava, na época, 100 mil litros de óleo de cozinha usado por mês de forma incorreta. Imediatamente o grupo entendeu que alguém precisava começar a recolher esse óleo porque, segundo a Agência Nacional de Águas, cada litro de óleo descartado nas pias tem o potencial de poluir cerca de 1 milhão de litros de águas fluviais.

E foi justamente o MAV que tomou a iniciativa de recolher o óleo nas casas, estabelecimentos, condomínios, conjuntos habitacionais por toda a cidade a fim de reutilizá-lo de forma sustentável. De 2012 até 2020 o MAV conseguiu recolher aproximadamente 300 mil litros de óleo de cozinha usado, que veio a ser repassado à Petrobras e outras empresas para transformá-lo em biocombustível e outros subprodutos. Inclusive Carlos Souza indica que cerca de 70% do óleo recolhido pelo MAV foi destinado à Petrobras.

Dos 100 mil litros de óleo descartados incorretamente em Feira de Santana, Carlos calcula que o MAV só consegue recolher uma parcela muito pequena, mas que há dois principais fatores. “Desses 100 mil litros de óleo mensais, nós só conseguimos recolher 3%. Por que isso? Porque ainda falta sensibilizar as pessoas. E também porque nós temos uma equipe muito pequena ainda, e eu não posso estar exigindo tanto dessas pessoas que fazem um trabalho voluntário”, disse ele. 

Apesar de ainda não conseguir abarcar toda a necessidade de Feira de Santana por causa da deficiência quantitativa da equipe, Carlos faz questão de salientar o papel que o MAV desempenha. “Nós recolhemos cerca de 300 mil litros. Se 1 litro de óleo pode poluir 1 milhão de litros de água em um rio, imagine quantos litros de água o MAV evitou que fosse poluído”, refletiu o co-fundador. O trabalho do MAV preservou, segundo este cálculo feito pela própria instituição, cerca de 300 bilhões de litros de água em 8 anos de trabalho.

Para que o trabalho evolua, Carlos Souza espera pôr alguns projetos em ação já no ano de 2021. Um deles é o Troco Voluntário que consiste em fazer parcerias com empresas do comércio feirense para que elas estimulem as pessoas a doarem seus trocos ao MAV permitindo que a instituição consiga fazer mais ações que venham a beneficiar a comunidade. Outro projeto é o de implantar um agente ambiental em cada bairro para capilarizar o trabalho e o objetivo dele seria recolher o óleo na vizinhança e levar até a sede do MAV.

Outra aspiração deles é de estabelecer parcerias com condomínios pela cidade para que cada empreendimento funcionasse também como um ponto de coleta onde os moradores poderiam armazenar as garrafas de óleo guardado no dia a dia em um local específico, este material seria recolhido pelo agente ambiental do bairro e levado para ser descartado de forma correta.

O Movimento Água é Vida é, hoje, o grande vetor em Feira de Santana para que as pessoas desfrutem do direito de “ter um meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida”, segundo o artigo 225 da Constituição Federal Brasileira de 1988. O apoio a iniciativas como esta é essencial para o bem-estar da comunidade. Quem tiver interesse em reciclar o seu óleo de cozinha usado deverá entrar em contato pelo Instagram @movimentoaguaevida ou WhatsApp (75) 99214-1972.

Artigo publicado no BLOG CONTA, POVO!